STF Deve Julgar Bolsonaro e Aliados por Tentativa de Golpe. O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu uma fase decisiva no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Com os interrogatórios do núcleo principal finalizados nesta terça-feira (10), o tribunal agora se prepara para dar o próximo passo: o julgamento. A expectativa é que as decisões — pela condenação ou absolvição dos acusados — ocorram entre setembro e outubro deste ano.
Julgamento Caminha para a Etapa Final
A chamada “Primeira Turma” do STF ouviu oito réus ligados diretamente às articulações que teriam buscado anular o resultado das eleições presidenciais de 2022. A fase de interrogatórios foi conduzida sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que agora aguarda as alegações finais das defesas e da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Enquanto o julgamento não começa oficialmente, as partes ainda podem apresentar novos pedidos de diligência ou coleta de provas complementares.
Quem Está no Centro da Investigação
Foram ouvidos nesta fase do processo nomes de peso da política e das Forças Armadas:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e tenente-coronel do Exército
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
- Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato à vice-presidência
Quase todos os réus enfrentam acusações severas, incluindo:
- Formação de organização criminosa com uso de armas
- Tentativa de eliminar o Estado democrático de direito
- Planejamento de golpe de Estado
- Danos ao patrimônio público com uso de violência
- Deterioração de bens protegidos pelo patrimônio histórico
No caso do deputado Alexandre Ramagem, parte das acusações só poderá ser julgada após o término do seu mandato parlamentar, por determinação do próprio STF.
O Que Disseram os Réus Durante os Interrogatórios
Durante as oitivas, os investigados apresentaram versões diversas e, muitas vezes, conflitantes:
- Jair Bolsonaro admitiu que recebeu a chamada “minuta do golpe”, mas garantiu ter descartado qualquer plano em reunião com militares. Ele reafirmou que suas críticas às urnas eletrônicas foram feitas dentro do debate democrático e público. (Leia também: Bolsonaro Muda Tom em Depoimento ao STF e Aliados Já Trabalham com Possível Prisão Domiciliar
- Mauro Cid afirmou que o ex-presidente chegou a editar o documento que propunha anular as eleições e prender autoridades. Bolsonaro, por outro lado, negou qualquer autoria sobre a minuta.
- Alexandre Ramagem disse que os documentos que mencionavam o sistema eleitoral eram apenas anotações pessoais.
- Almir Garnier alegou que viu apenas projeções em tela e não teve acesso ao suposto plano golpista.
- Anderson Torres declarou que o tom exaltado que usou sobre o sistema eleitoral foi um desabafo, e que não sabia da origem da minuta encontrada em sua residência.
- Augusto Heleno limitou-se a responder apenas às perguntas de seus advogados e negou qualquer articulação política com o GSI.
- Paulo Sérgio Nogueira pediu desculpas pelas críticas feitas ao TSE, mas negou ter sofrido pressão por parte de Bolsonaro.
- Walter Braga Netto também rejeitou todas as acusações e reforçou que via as manifestações da direita como pacíficas. Classificou o 8 de janeiro como vandalismo, não como ação política coordenada.
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Estratégia do STF e Expectativa de Desfecho
A ação penal representa um dos maiores testes da história democrática recente do país. O julgamento que se aproxima pode resultar em penas severas ou absolvição para figuras centrais do governo anterior, e ainda deve influenciar o cenário eleitoral de 2026.
A estratégia do ministro Alexandre de Moraes é clara: avançar com consistência e base jurídica sólida, diante de um caso de extrema relevância institucional.
Foto: Reuters / BBC News Brasil
Conclusão: Reta Final para um Capítulo Histórico da Democracia Brasileira
Com a fase de depoimentos encerrada, o Brasil entra agora na contagem regressiva para o desfecho de um processo que mexe diretamente com os pilares do Estado democrático de direito. O julgamento previsto entre setembro e outubro poderá ser decisivo para definir o futuro político de Bolsonaro e de diversos ex-integrantes de seu governo.
Carlos Lima é jornalista com mais de 15 anos de experiência em apuração de fatos, análise de cenários e produção de conteúdo informativo com responsabilidade. Especializado em notícias do cotidiano, economia, saúde e sociedade, sua missão é traduzir os principais acontecimentos do Brasil e do mundo de forma clara, confiável e acessível.
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